sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Cientistas propõem viagem sem volta a Marte

Voos tripulados
Quando Barack Obama tomou posse, ele afirmou que era preciso rever os projetos de voos tripulados da NASA.
Embora tenha dito que poderia ser possível enviar o homem a Marte até 2030, o efeito mais imediato da nova política espacial da NASA foi o cancelamento do projeto de retorno à Lua.
Com um mero passeio lunar cada vez mais distante, e com as decepcionantes dificuldades que a própria NASA demonstrou na execução do projeto Constelação, que nada mais era do que um upgrade da histórica Apolo, ir a Marte ou a qualquer outro planeta parece um sonho cada vez mais distante.
Viagem sem volta a Marte
Mas talvez haja uma alternativa, uma missão que seja mais simples e mais barata e que viabilize a chegada do homem a Marte.
Para isso, basta que seja uma viagem sem volta, ou seja, uma viagem para astronautas que aceitem o desafio de ir para Marte sem qualquer plano de voltar à Terra.
Esta é a proposta de Dirk Schulze-Makuch, da Universidade do Estado de Washington, e do renomado Paul Davies, da Universidade do Estado da Flórida, ambas nos Estados Unidos.
Eles acabam de delinear como seria uma missão sem volta a Marte em um artigo publicado na revista científica Journal of Cosmology, chamado To Boldly Go: A One-Way Human Mission to Mars - Para Audaciosamente ir: Uma Missão Humana sem Retorno a Marte, em tradução livre. O "audaciosamente indo aonde nenhum homem jamais foi antes" é a marca registrada do seriado Jornada nas Estrelas.
Os dois físicos consideram que, embora tecnicamente factível, uma missão tripulada de ida e volta a Marte é improvável num horizonte de tempo razoável - principalmente, segundo eles, porque seria um projeto incrivelmente caro, tanto em termos financeiros quanto em sustentação política.
E, como a maior parte do gasto está ligado à necessidade de trazer os astronautas de volta em segurança, uma missão só de ida poderia não apenas reduzir os custos a uma fração do projeto inicial, como também marcar o início da colonização humana de longo prazo do planeta.
Cientistas propõem viagem sem volta a Marte
Uma missão só de ida a Marte seria o primeiro passo para o estabelecimento de uma presença humana permanente no planeta. [Imagem: NASA/JPL]
Colonização de Marte
Marte é o alvo mais promissor para uma colonização humana porque ele é muito similar à Terra: possui uma gravidade moderada, uma atmosfera, "água abundante", dióxido de carbono e uma infinidade de outros minerais essenciais.
É o segundo planeta mais próximo da Terra, depois de Vênus, e uma viagem a Marte levaria apenas seis meses, usando a opção de lançamento mais favorável e a atual tecnologia dos foguetes químicos.
"Uma estratégia seria enviar inicialmente quatro astronautas, dois em cada uma de duas espaçonaves, ambas com módulo de pouso e com suprimentos suficientes, para estabelecer um único posto avançado em Marte. Uma missão só de ida a Marte seria o primeiro passo para o estabelecimento de uma presença humana permanente no planeta," explicou Schulze-Makuch.
Embora afirmem que seria essencial que os astronautas fossem voluntários, Schulze-Makuch e Davies ressaltam que não estão propondo que os pioneiros espaciais sejam simplesmente abandonados à própria sorte em Marte - eles propõem uma série contínua de missões, suficientes para dar suporte à colonização de longo prazo.
Cientistas propõem viagem sem volta a Marte
Rocha com um desenho que lembra um crânio humano, encontrada em Marte. [Imagem: NASA/J.P.Skipper/Eduardo Lucena]
Terráqueos marcianos
"Teria de fato muito pouca diferença dos primeiros pioneiros brancos que foram para o continente norte-americano, que deixaram a Europa com poucas expectativas de retorno," diz Davies.
"Exploradores como Colombo, Frobisher, Scott e Amundsen, embora não embarcassem em suas viagens com a intenção de se fixar em seus destinos, de qualquer forma assumiam riscos pessoais gigantescos para explorar novas terras, sabendo que havia uma probabilidade significativa de que poderiam morrer na tentativa."
Embora proponham que os colonos espaciais comecem logo a cultivar e explorar os recursos do próprio planeta, os cientistas afirmam que eles poderiam receber periodicamente suprimentos enviados da Terra.
E eles vão audaciosamente ainda mais longe: o posto avançado poderia se tornar autossuficiente e se tornar uma base para um programa de colonização espacial ainda maior, de onde os "terráqueos marcianos", ou mesmo terráqueos de nascença, poderiam partir para ir mais longe.
Cientistas propõem viagem sem volta a Marte
Áreas apontadas pelos pesquisadores como promissoras para a primeira colônia humana em Marte, por conterem cavernas e relevo capaz de funcionar como proteção para os colonos espaciais. [Imagem: Schulze-Makuch/Davies/NASA]
Seguro contra catástrofes
Os cientistas afirmam que o primeiro passo para a missão sem volta seria a seleção de um local adequado para a colônia, que preferencialmente tenha uma caverna ou outro relevo que sirva de abrigo, assim como recursos nas proximidades, como água, minerais e nutrientes para agricultura.
Marte não tem uma camada de ozônio e nem uma magnetosfera que proteja contra a ionização e os raios ultravioleta. Por isso, uma caverna seria muito importante. As cavernas marcianas também poderiam conter depósitos de gelo em seu interior, embora isso ainda não tenha sido comprovado.
O artigo sugere que, além de oferecer um "bote salva-vidas" no caso de uma mega-catástrofe na Terra, uma colônia em Marte seria uma plataforma inigualável para pesquisas científicas. Os astrobiólogos acreditam que é grande a probabilidade de que Marte tem ou já teve vida microbiana, e que seria uma oportunidade imperdível estudar uma forma de vida alienígena e um segundo registro evolucionário.
Espírito explorador
Cientistas propõem viagem sem volta a Marte
A colonização de Marte exigirá o retorno o espírito explorador e do ethos de assumir riscos do período das grandes explorações na Terra. [Imagem: NASA/JPL/John Olson]
Embora acreditem que a estratégia para colonizar Marte com missões sem retorno coloque o projeto, financeira e tecnologicamente, ao alcance das possibilidades atuais, Schulze-Makuch e Davies afirmam que a ideia precisará não apenas de um grande esforço de cooperação internacional, mas também exigirá o retorno o espírito explorador e do ethos de assumir riscos do período das grandes explorações na Terra.
Segundo eles, ao levantar a ideia entre seus colegas cientistas, vários deles manifestaram a intenção de se inscreverem como voluntários para tal missão.
O próprio Schulze-Makuch afirma que seria o primeiro voluntário a se inscrever no projeto - mesmo reconhecendo o fato de que, quando tal missão estivesse pronta para partir, ele certamente não teria mais idade para embarcar.
"Pesquisas informais feitas após palestras e conferências sobre a nossa proposta mostraram repetidamente que muitas pessoas gostariam de se voluntariar para uma missão sem retorno, tanto por razões de curiosidade científica, quanto por um espírito de aventura e de cumprir o destino da humanidade," afirmam eles.

terça-feira, 26 de outubro de 2010

Criada escada rolante capaz de fazer curvas

Avião movido a pedal voa batendo asas

Ornitóptero: Avião movido a pedal voa batendo asas

O primeiro ornitóptero - uma máquina voadora inspirada no bater das asas dos pássaros, morcegos ou insetos - foi idealizado por Leonardo da Vinci, em 1485. [Imagem: UToronto]


Ornitóptero
Um grupo de estudantes da Universidade de Toronto, no Canadá, conseguiu fazer o primeiro voo sustentado em uma aeronave acionada apenas pela força humana e que voa batendo as asas.
O primeiro ornitóptero - uma máquina voadora inspirada no bater das asas dos pássaros - foi idealizado por Leonardo da Vinci, em 1485.
Desde então, centenas de inventores esborracharam-se com suas máquinas esquisitas sem conseguir manter-se no ar para justificar o nome de "máquina voadora". Mas vários também tiveram sucessos relativos.
Avião que bate asas
Pilotado por Todd Reichert, o avião batedor de asas, batizado de SnowBird (pássaro da neve), manteve-se no ar por 19,3 segundos, cobrindo uma distância de 145 metros a uma velocidade média de 25,6 km por hora.
Em vez de articulações fixas, as asas inteiras do SnowBird são flexíveis, movimentando sobretudo as extremidades, o que dá ao avião um movimento suave e elegante.
O feito foi acompanhado pela Federação Internacional de Aeronáutica, que deverá oficializar o recorde mundial em sua reunião neste mês de Outubro.
Apesar de sua envergadura ser comparável à de um Boeing 737 - 32 metros - o Snowbird pesa menos do que os travesseiros a bordo do avião comercial - meros 42 quilogramas.
Para conseguir o feito, Reichert perdeu 18 quilos de peso corporal durante o último verão passado para facilitar o voo da aeronave.