quarta-feira, 14 de outubro de 2009

Vale do Catimbau: Novo tipo de réptil na caatinga


O Vale do Catimbau e a cobra- de-duas cabeças

O animal, localizado por pesquisadores da UFRPE, da USP e da UFMT, tem mais anéis corpóreos do que as cobras-de-duas cabeças conhecidas pela ciência. Eles recolheram 4 exemplares no parque

Por: Verônica Falcão

Um ano depois de descobrir um lagarto no Parque Nacional do Catimbau, em Buíque, Agreste de Pernambuco, pesquisadores encontraram no lugar mais uma espécie de réptil desconhecida para a ciência. Trata-se de uma anfisbena, também chamada de cobra-de-duas-cabeças, com mais anéis corpóreos do que esses animais costumam ter. A característica inspirou o nome científico dado ao bicho: Amphisbaena supernumeraria. O primeiro termo é relativo ao gênero, já conhecido pelos biólogos. O segundo, cunhado pela equipe de três universidades brasileiras envolvidas na descoberta, corresponde à espécie. “O super quer dizer maior ou grande e numerária, número”, justifica a professora da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE) Ednilza Maranhão. A pesquisadora, da unidade acadêmica da UFRPE em Serra Talhada, conta que coletou quatro exemplares do animal, em março do ano passado, na Fazenda Porto Seguro, propriedade identificada na região como Meu Rei. Ednilza estava acompanhada pelo mais reconhecido herpetólogo (especialista em répteis) do Brasil, o professor da Universidade de São Paulo (USP) Miguel Trefaut Rodrigues. Os dois, mais a professora da Universidade Federal do Mato Grosso Tamí Mott, especialista em anfisbenas, descreveram a nova espécie, em julho deste ano, na prestigiosa revista científica Zootaxa. “O número elevado de anéis corpóreos e a fusão das escamas frontais são algumas das principais características desse réptil”, revela Ednilza. A pesquisadora conta que o animal vive enterrado no solo, onde passa grande parte do tempo. “Como é um réptil recém-descoberto, muita coisa sobre a sua história de vida ainda precisa ser desvendada”, avalia. Para a professora, a descoberta destaca a importância do Parque Nacional do Catimbau como área prioritária para conservação, principalmente da herpetofauna, que é o conjunto de espécies de anfíbios e répteis, do Semiárido.
O parque, criado pelo governo federal em 2002, tem 62.300 hectares e envolve quatro municípios: Buíque, Tupanatinga (também no Agreste), Ibimirim e Sertânia (ambas no Sertão). “É grande a possibilidade de mais espécies serem descobertas com a continuação das pesquisas”, prevê a pesquisadora. No mundo são conhecidas 196 espécies de anfisbenas, répteis escamosos que costumam viver enterrados. Elas estão distribuídas em seis famílias zoológicas, das quais a dos anfisbenídeos é a mais numerosa. Inclui 16 gêneros e 178 espécies. A família dos anfisbenídeos, explicam os autores do artigo, ocorre na África e nas Américas Central e do Sul. No Brasil, são conhecidas 64 espécies de anfisbenídeos, das quais 43 integram o gênero Amphisbaena. Em setembro do ano passado, Ednilza e Miguel Trefaut descreveram um outro réptil. O lagarto, com cinco centímetros, também vive nas areias no Vale do Catimbau e é chamado de escrivão pelos moradores do lugar. A dupla batizou o réptil de Scriptosaura catimbau. O bicho, que provavelmente se alimenta de pequenos invertebrados, não tem patas, um resultado da adaptação ao ambiente arenoso da parte mais alta do parque nacional.
(Fonte: Jornal do Commercio - Ciência e Meio Ambiente - 04.10.09)

Tecnologias sustentáveis no Brasil atraem investimentos alemães


Empresas alemãs estão estudando novas oportunidades de negócios no Brasil no campo de tecnologias sustentáveis. Esse é um dos focos do trabalho que a Câmara de Comércio e Indústria Brasil-Alemanha pretende realizar este ano no país.

Tecnologias sustentáveis

A Alemanha lidera vários setores de tecnologias sustentáveis em todo o mundo. Dados de 2006 mostram que a participação alemã nos mercados mundiais ligados ao meio ambiente alcançou 30% no desenvolvimento de energia, 25% em tecnologia para tratamento de esgotos e reciclagem, 20% em tecnologia para a mobilidade. Em eficiência energética, a participação da Alemanha foi de 10% em termos mundiais, totalizando 5% tanto em tecnologia da água quanto em matérias-primas e eficiência de material.

Os investimentos diretos e indiretos feitos por empresas alemãs no Brasil atingem US$ 25 bilhões, de acordo com dados divulgados pela assessoria de imprensa da Câmara de Comércio e Indústria Brasil-Alemanha. Os setores mais atrativos para o empresariado alemão são indústria automobilística, autopeças, máquinas e ferramentas, indústria química e farmacêutica, considerados tradicionais.

Investimentos alemães no Brasil

Durante muito tempo, a Alemanha foi o principal investidor estrangeiro no Brasil, mas perdeu essa posição no fim dos anos 80. A queda dos investimentos alemães coincidiu com dois fatores - a maior abertura do Brasil a investimentos estrangeiros e a preocupação alemã com a integração interna, a partir da derrubada do muro de Berlim - segundo o diretor do Centro de Estudos da Fundação Konrad Adenauer no Brasil, Wilhelm Hofmeister. A instituição comemora este mês 40 anos de atividades no país.

Segundo ele, os recursos da Alemanha foram canalizados para a Alemanha Oriental e para a Europa Oriental. "Por essa razão, houve uma certa redução do investimento alemão no Brasil. Por outro lado, a abertura do Brasil deu espaço para a entrada de novos investidores. E eles aproveitaram bem essas novas oportunidades", disse Hofmeister.

Tecnologias sustentáveis

Ele observou, contudo, que a Alemanha ainda é um investidor importante no Brasil. Citou, como exemplo, o investimento de 5 bilhões de euros do grupo ThiessenKrupp no Rio de Janeiro, para criação da Companhia Siderúrgica do Atlântico (CSA). O projeto tem como sócio minoritário a mineradora Vale e prevê gerar 3.500 empregos diretos e até 14 mil indiretos.

De 12 a 15 deste mês, a Câmara Brasil-Alemanha promove a 1ª Feira de Tecnologias Sustentáveis Brasil-Alemanha (Ecogerma), em parceria com a Embaixada da Alemanha no Brasil e o Consulado Geral da Alemanha em São Paulo. Nos dias 19 e 20 próximos, a Fundação Konrad Adenauer realiza simpósio no Rio de Janeiro sobre os 40 anos de desenvolvimento político e cooperação internacional no Brasil, celebrando sua atuação no país.

Conferência

Reduzir o desmatamento da Amazônia

O ministro confirmou a meta de reduzir o desmatamento da Amazônia em 80% até 2020, anunciada ontem (13) por Lula no programa de rádio Café com o Presidente. O compromisso é uma adaptação do que estava previsto no Plano Nacional de Mudança Climática, que previa redução de 70% até 2017. "Antes era uma meta interna e voluntária, agora vai ser um compromisso internacional e obrigatório", afirmou Minc.

O desmatamento é a principal fonte brasileira de emissões de gases de efeito estufa. Com a queda, o país deixaria de emitir cerca de 5 bilhões de toneladas de gás carbônico. No entanto, para alcançar esses níveis de redução, será necessário dinheiro internacional, o que pode inviabilizar o compromisso, uma vez que atualmente os mecanismos de financiamento estão entre os grandes entraves da negociação climática global.

Convergências

Minc afirmou que a reunião teve mais convergências do que oposições entre as propostas. "As abordagens foram diferentes, mas não foram apresentados números divergentes". Na avaliação de Luiz Pinguelli Rosa, que representou a sociedade civil na reunião, "não será fácil a tarefa" de conciliar as posições. "A posição do fórum é cobrar ações mais fortes do governo em Copenhague."

Se os ministérios conseguirem chegar a um consenso sobre a posição a ser defendida pelo Brasil, uma novo encontro com o presidente Lula deve ser realizado no dia 20.