sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

TERRENOS DIFÍCEIS - Como usar seu 4x4

Para se sair bem em situações difíceis, é preciso mais do que coragem e espírito de aventura, é preciso conhecimento. Aqui você encontra informações preciosas para saber o que fazer em diferentes tipos de situação e terrenos.

Mata fechada
- Preste atenção aos espelhos retrovisores e à antena do rádio para não danificá-los no trajeto;
- Em veículo aberto, o cuidado com passageiros deve ser redobrado, evitando possíveis escoriações com galhos e espinhos;
- Caso tenha dúvidas sobre a segurança do trajeto, pare o carro e verifique se embaixo de folhas e troncos caídos existe algum buraco, depressão mais acentuada ou erosão no terreno;
- Não tente cortar caminho, mesmo com GPS e mapas de boa qualidade em mãos. Tomar essa decisão pode ser desastroso para a natureza.

Água
- Observe as condições das margens, tanto para a entrada como para a saída do veículo;
- Assegure que você está com os acessorios para travessia (snorkel): rio com corrente forte é sinal de leito não lamacento. Corrente fraca pode indicar presença de limo macio e profundo;
- Verifique a profundidade do rio (o aconselhável é até 50cm de profundidade) e possíveis obstáculos, como pedras e troncos;
- Certifique-se de que componentes elétricos estão protegidos, com graxa à base de silicone, nas partes mais vulneráveis;
- Aplique graxa nas partes mais expostas do veículo;
- Vá devagar para evitar a formação de "ondas"na frente do veículo;
- Depois da travessia, verifique pneus, radiador e funcionamento geral dos componentes.
- Acione os freios para secar suas pastilhas.


Subidas e descidas íngremes

- Engate a reduzida;
- Bloqueie o diferencial central (caso possua);
-Vá devagar, evitando bater a base do veículo;
- Não realize manobras bruscas;
- Como medida de segurança, prefira andar sempre acompanhado de outro veículo que tenha guincho;
- Evite frear em descidas escorregadias para que o veículo não saia da trajetória, utilize o freio motor ou o HDC.


Barro/Lama
- Faça um reconhecimento a pé para antever problemas;
- Verifique a existência de paus ou pedras cobertos que possam furar um pneu ou bater embaixo do veículo;
- Observe a existência de valas profundas em que haja a possibilidade de atolar. Utilize-se de um pedaço de pau ou bambu para medir a profundidade do alagadiço;
- Mantenha a velocidade baixa e constante;
- Não acelere demais, isso faz com que os pneus percam a aderência e patinem;
- Evite passar em facões feitos por outros carros, em especial se forem profundos. Prefira o terreno mais irregular.


Areia
- Procure evitar areia fofa;
- Previna-se carregando sempre uma pá plana para caso de afundamento;
- Se o veículo afundar, tome cuidado para não apoiar os eixos;
- Acelere pouco, mantenha velocidade constante;
- Na praia, verifique as tábuas de maré e evite circular perto da água;
- Se o carro encalhar, confira mais uma vez a tábua de marés e busque rapidamente auxílio;
- Passe com cuidado por filetes de rio ou pequenos riachos;
- Em piçarras - terreno que une areia e cascalhos - jamais use os freios bruscamente. Reduza a velocidade reduzindo as marchas e dando leves toques no pedal;
- Em dunas, procure andar sobre a vegetação rasteira (onde o terreno é mais firme), desça o morro em marcha reduzida e peça sempre ajuda a pessoas acostumadas com o terreno.

Rocha

- Em inclinação rochosa, a força de tração é mais importante do que a potência;
- Mantenha o veículo em baixa marcha.


Pontes mal conservadas
- Desça do carro e analise a ponte, buscando mapear os lugares em que a madeira esteja em melhores condições;
- Caso após a inspeção ainda haja dúvida sobre a segurança do local, procure um desvio;
- Se a travessia for inevitável, passe devagar e em velocidade constante pelos lugares que estiverem mais firmes;
- Reforçar a estrutura com galhos ou pedaços de madeira pode garantir um pouco mais de segurança.


Poeira
- Feche as janelas e ligue o ar-condicionado ou ventilação para pressurizar o interior do veículo.

Oásis artificial pode ser início de "floresta no deserto"

Floresta no deserto vai começar com oásis artificial
Se o projeto-piloto for bem-sucedido, a ideia é converter áreas desérticas inteiras em verdadeiras "florestas". [Imagem: Sahara Forest Project]

Pesquisadores ingleses e noruegueses acreditam já dispor de toda a tecnologia necessária para que os oásis no deserto deixem de ser apenas miragens.
A Fundação Bellona, financiada pelo governo da Noruega, acaba de obter autorização do governo da Jordânia para construir o primeiro protótipo de um oásis high-tech.
Floresta no deserto
Sob o pretensioso nome de Projeto Floresta no Saara, a fundação começará, em 2012, a construir seu primeiro oásis, em um terreno de 200.000 metros quadrados, em Aqaba, próximo ao Mar Vermelho.
Se o projeto-piloto for bem-sucedido, a ideia é converter áreas desérticas inteiras em verdadeiras "florestas", fundamentadas na alta tecnologia e no aproveitamento dos recursos naturais.
Joakim Hauge, coordenador do projeto, afirma que a ideia é tirar proveito da abundância que o mundo tem de luz do Sol, água do mar, dióxido de carbono e terras áridas.
"Esses recursos podem ser usados para a produção lucrativa e sustentável de comida, água e energia renovável, ao mesmo tempo combatendo o efeito estufa ligando o CO2 a novas vegetações em áreas áridas," diz ele.
Floresta no deserto vai começar com oásis artificial
















Existem várias técnicas de fotobiorreatores para o cultivo de algas, incluindo lagos, tubos e sacos plásticos.

Oásis artificial
O oásis artificial será formado por uma usina termossolar - que usa o calor do Sol para gerar energia, e não o efeito fotovoltaico das células solares - e de uma estufa "alimentada" por água salgada.
Esta estufa de água salgada, cujo funcionamento já foi atestado em projetos-piloto em pequena escala, será usada para cultivar vegetais para alimentação e algas para produzir combustíveis.
Inicialmente, o ar que entra na estufa é resfriado e umidificado pela água bombeada do Mar Vermelho, criando condições propícias para o crescimento das plantas.
O ar interior chega então ao segundo evaporador, onde circula entre canos contendo água salgada quente - aquecida pelo Sol. O ar quente e úmido resultante será dirigido para uma série de canos verticais contendo a água do mar que saiu do primeiro evaporador.
Esse encontro causará a condensação de água doce do ar, que escorrerá pelos canos até coletores instalados em sua base.
Esse ambiente quente e úmido permite que os vegetais cresçam com um mínimo de irrigação.
Ciclo da água doce
Começa então o ciclo da água doce no interior do oásis: ela será inicialmente aquecida por uma usina termossolar, transformando-se em vapor que irá fazer girar uma turbina para gerar eletricidade.
A eletricidade será usada para alimentar as bombas que captam a água do mar e os ventiladores que farão o ar circular dentro da estufa.
O calor excedente - presente na água doce que sai da turbina - será usado para produzir água potável por meio da dessalinização.
Novamente resfriada, a água doce finalmente servirá para irrigar as plantas do oásis artificial.
Paralelamente, fotobiorreatores poderão usados para cultivar algas, embora sua utilização dependa da conexão com outros parceiros da cadeia produtiva. Além de servirem como alimentos, as algas podem render mais biodiesel que qualquer planta.
Floresta no deserto vai começar com oásis artificial

A estufa também afeta o ambiente externo, havendo a possibilidade de que se criem condições até mesmo para a re-vegetação da área à sua volta. [Imagem: Sahara Forest Project]
Ciclo hidrológico artificial
O processo é na realidade uma imitação do ciclo hidrológico natural, onde a água do mar aquecida pelo Sol se evapora, resfria para formar as nuvens e volta para o solo, na forma de chuva, neblina ou orvalho.
O consumo de eletricidade é pequeno, uma vez que o trabalho termodinâmico de resfriamento e destilação é feito pelo Sol e pelo vento - 1 kW de energia elétrica usado para bombear a água do mar pode remover até 800 kW de calor por meio da evaporação.
E como a energia só é necessária durante as horas quentes do dia, todo o processo pode ser alimentado por energia solar, sem a necessidade de baterias ou outros sistemas de armazenamento. Isto permite que os oásis artificiais sejam instalados em áreas remotas, sem ligação com redes de energia.
A estufa também afeta o ambiente externo, havendo a possibilidade de que se criem condições até mesmo para a re-vegetação da área à sua volta.
Isto porque o processo evapora mais água do que condensa em água doce. Essa umidade é "perdida" devido à forte ventilação necessária para manter as plantas frias e supridas com o CO2 necessário. Ao atingir o ambiente externo, fora da estufa, o ar úmido pode ser usado para iniciar plantações no ambiente natural.
A concepção do oásis artificial é um trabalho conjunto das empresas britânicas Max Fordham Consulting Engineers, Seawater Greenhouse e Exploration Architecture.

terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Monte Roraima: " O Mundo Perdido"

Monte Roraima

Quando o médico e escritor Arthur Conan Doyle publicou em 1912 a primeira edição de "O Mundo Perdido" (The Lost World), a grande maioria de seus leitores pensou que o imenso platô no meio da Amazônia, onde dinossauros e tribos pré-históricas viviam milhões de anos após sua extinção também era fruto de sua imaginação.


Primeira Edição do livro de Conan Doyle
Este livro inspirou dezenas de outras histórias, entre elas "Jurassic Park"de Michael Crichton

Porém, o criador de Sherlock Holmes, um dos mais conhecidos personagens da história da literatura criminal inglesa, estava usando sua imaginação em quase todo o enredo, mas inspirou-se nos relatos dos exploradores amazônicos do início do século, notadamente Percy H. Fawcett, sobre um fascinante local no norte da Amazônia, na tríplice fronteira entre Venezuela, Brasil e Guiana para definir as "locações" de seu romance. Este local é o  Monte Roraima

Monte Roraima surgindo entre as nuvens
Foto de Uwe George (National Geographic)

Paredões de Pedra, enormes Quedas d'Água, Piscinas Naturais, Cavernas, Rochas em formatos que desafiam a gravidade, Florestas Petrificadas, Plantas e Animais endêmicos estão entre as atrações desta região de tirar o fôlego. As formações rochosas da região tem mais de 2 bilhões de anos, uma época em que sequer os continentes haviam se separado.

O impressionante platô do Monte Roraima (17km x 6km)
by Marek Audi

Sempre acima das nuvens (mais de 2.700 metros de altitude)
Foto de Daniel Novák

Os campos de Roraima são dominados pela presença dos "Tepuys"
Foto de Jacek Staroszcyk

Paredões que parecem intransponíveis
Foto de Csar13

O "onipresente" Monte Roraima
Foto do Oxford University Cave Club

Curiosa formação Rochosa

Milhões de Anos de erosão

Locais incríveis aguardam os visitantes 

Piscina Natural de águas cristalinas. 
Apesar do clima ameno no alto do platô, ainda fazem a alegria dos turistas

"El Foso"
Foto de Yosemite

Cavernas também são encontradas na região

Quase 100 anos após a publicação de "O Mundo Perdido", os turistas que visitam este paraíso ainda se impressionam com a imponência do local. A maioria chega ao alto do platô com 17Km de extensão pelo lado venezuelano, utilizando como base a cidade de Santa Elena de Uiarén. 

Catedral da cidade venezuelana de Santa Elena de Uiarén, 
principal ponto de acesso ao Monte Roraima

A partir do Brasil é mais difícil: os turistas devem ir até a pacata Boa Vista, a capital do Estado de Roraima, conhecida como a mais bela e organizada cidade da região norte do Brasil, e de lá dirigir-se até a base do Monte, numa viagem de aproximadamente 10 horas, entre percursos em veículos 4x4 e caminhadas. O Estado de Roraima tem aproximadamente o tamanho do Reino Unido e uma população total semelhante à cidade de Jundiaí, em São Paulo.

Avenida em Boa Vista, capital de Roraima. Um cidade planejada.

Vista aérea do principal parque da cidade

Noite em Boa Vista. A única capital brasileira localizada totalmente no Hemisfério Norte
Foto de Marcelo Seixas

Na língua dos  índios Pemon, que habitam a região, estas imensas formações são chamadas de "Tepuys", que significam "Casa dos Deuses". Os que tiveram o privilégio de conhecer o Monte Roraima dizem que a sensação de chegar a um lugar perdido no tempo e espaço, no topo do mundo, ainda é bem real.

Monte Roraima visto pelo lado venezuelano